Do Autor William P.Young
A Cabana conta a história
de Mackenzie Allen Phillips, que durante muito tempo viveu imerso em um mar de
dor e sofrimento ocasionado pelo sequestro e morte de Melissa, sua filha mais
nova. Mack, qual também é denominado, nunca foi um beato e, desde a perda de
Missy, forma carinhosa pela qual chamavam a Melissa, sua relação com o
Celestial deteriorou. Transcorrido algum tempo desde o nefasto ocorrido, em uma
manhã gelada de inverno, Mack recebe um misterioso bilhete até então
supostamente escrito por Deus, convidando-o a volver a cena do homicídio de
Melissa, uma cabana vetusta e de dificílimo acesso à cidade de Joseph. A vida
de Mackenzie Allen Phillips nunca mais seria a mesma após retornar ao palco de
sua recordação mais dantesca e pesarosa...
Willie, um amigo de Mack
é quem narra à história, sendo seu foco, portanto, relatar o que se passou com
seu amigo durante sua estada à cabana. Este livro está dividido em prefácio,
dezoito capítulos, um posfácio, uma parte dedicada aos agradecimentos do autor.
Cada capítulo possui sob o título uma citação de autores distintos.
Mackenzie Allen Phillips
teve uma infância muito difícil, seu pai era alcoólatra, agredia a esposa e a
ele com assiduidade. Aos treze anos Mackenzie fugiu de casa, e desde então
nunca mais reviu nem seu pai nem sua mãe. Passou por muitas dificuldades, até
que casou-se com Nan, com quem teve cinco filhos: Jon, Tyler, Josh, Katherine
(Kate) e Melissa.
Mack decide por fazer um
passeio de férias com Missy, Kate e Josh, eles vão até uma Reserva na cidade de
Joseph. Mack estava se preparando para seguir viagem quando a canoa em que Kate
e Josh faziam um passeio, – cedida por seus novos amigos do camping – vira e
Josh não consegue emergir, Mack sai em disparada para salvar a Josh e também a
Kate – embora esta tenha conseguido emergir -, deixando Missy sozinha perto do
trailer. Quando retornam não encontram a Missy, e assim, dá-se inicio a uma
procura pela menina. A melhor pista que conseguem é que uma criança trajando
semelhante à Melissa fora levada em um jipe verde por um homem desconhecido.
Os anos passam e, em uma fria manhã de
inverno, sozinho na residência de sua família, Mackenzie decide sair à rua e
conferir sua caixa de correspondências - nevara a noite toda e ainda o sucedia
-, o gelo cobria todo caminho, deixando-o escorregadio, com muita dificuldade
Mack chega até a o portão, quando retira a correspondência, surpreende-se com
um bilhete singelo no qual o signatário “Papai” o convidava a retornar à
cabana. Pensando ser uma brincadeira de mau gosto, ele retorna a casa, porém,
no trajeto de volta ele escorrega e fere-se. Já em sua sala-de-estar, ele
resolve checar se o tal bilhete era uma brincadeira de seu carteiro, mas, para
sua surpresa, o tal sequer conseguira chegar à sua rua, dada as condições do
trajeto ocasionadas pela nevasca.
Mack decide não falar
nada para sua família por tratar-se de um assunto doloroso. Não obstante,
colhendo do ensejo de uma viajem que Nan faria com as crianças para a casa de
sua irmã, Mackenzie dirime por ir à cabana. Pede a seu amigo Willie o jipe
emprestado, este preocupado com o amigo cede-lhe inclusive uma arma para no
caso de ser o assassino, Mackenzie poder se defender.
Depois de chegar à cabana
e encontrar com a Santíssima Trindade personificada de uma forma muito peculiar
pelo autor, Mack passa por um processo de aproximação de Deus. Aos poucos
Mackenzie vai aceitando e aprendendo a lidar com a tragédia que abalou não
apenas a sua vida, mas a de sua família toda. Papai era na verdade, uma forma
afetuosa pela qual Nan chamava a Deus.
Embora este livro
demonstre-se surreal, puramente fictício, e, em alguns momentos passar a
impressão de que autor é um alienado, a ideia por detrás da narrativa é
interessante e, a própria história chega a ser comovente. Devo admitir que, achei algumas coisas um
pouco difíceis de deglutir, mas muitas das ideias que Young insere nas práticas
entre a Santíssima Trindade e Mackenzie vai ao encontro de minha visão acerca
de fé e religião. Muito mais importante que seguirmos uma religião, é termos fé
e confiança em Deus e seus desígnios.
De nada adianta sermos excessivamente devotos
a uma religião, se não o fazemos de coração. Não existe uma religião boa ou má,
desde que sua crença seja em Deus na sua plenitude e ela lhe trouxer paz, então
ela é boa. Deus é um só, não importa o credo, se espírita, católico,
protestante, budista ou judeu. Nenhum ser humano detém a verdade, somos falhos
e insignificantes ante a magnificência do Divino. A forma que William retratou
a Santíssima Trindade foge dos padrões tradicionais, porquanto supracitei que
em alguns momentos o autor parece ser um alienado e tudo mais, porém de certo
modo compreendo esta escolha: ele visa quebrar essa imagem convencional que
temos, mostrando que o Celestial está acima de todos os nossos conceitos
prévios e circunscritos. Ou como ele próprio diz “nada é um ritual”. Deus que é
infinito vê, pensa e age de uma forma muito além do que nós, seres humanos
limitados somos capazes de compreender.
Por mais que esta
história possa parecer surrealista, e por mais complexa que seja a forma qual o
literato visa expressar e levar ao público a sua ideia, eu recomendo esta obra
a todas as pessoas que têm ou que buscam uma ideia de fé livre de certos dogmas
e convenções que discriminam e que julgam. Liberdade não é sinônimo de
libertinagem. O que o autor tenta oferecer é uma visão mais ampla da fé, dentro
dos princípios bíblicos, é claro. É um livro iconoclasta quando comprado a
nossas convenções sobre a face da fé. Trata-se de um escrito dirigido a um
publico mais maturo por que exige bastante reflexão. É um texto a ser debatido,
pois qual disse, possui algumas coisas difíceis de deglutir e, além do mais,
cada um de nós vê as coisas apenas sob uma óptica, sob sua orientação
religiosa.
William P. Young nasceu
em Alberta, no Canadá em 11 de maio de 1955, mas passou grande parte de sua
infância em Papua, Nova Guiné, junto com seus pais missionários, em uma
comunidade tribal. Pagou seus estudos religiosos trabalhando como DJ,
salva-vidas e em diversos outros empregos temporários. Formou-se em Religião em
Oregon, nos Estados Unidos.
Este livro levanta um questionamento
se Deus é tão poderoso, porque não faz nada para amenizar nosso sofrimento.
Boa Leitura.